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terça-feira, 31 de outubro de 2017

CEF, o bandido que roubou nossos corações com Cartel D’Amor

Sentei-me a ouvir o novo álbum de CEF, “Cartel D’Amor”, o segundo da sua carreira, e confesso que é impossível não me identificar com as 16 músicas que o compõem. Sim eu sei, parece um exagero mas não sou o único. Desde o lançamento, no dia 30 de Setembro, que sempre que me deparo com portugueses, angolanos ou simples entendedores da língua portuguesa, que conhecem o trabalho do artista, o assunto entre nós é sempre o mesmo: CEF está a assaltar o mercado das músicas românticas.
Entrou da melhor forma em campo, com uma homenagem à mulher moderna através do single “A Mulher Tem Força”, para pouco tempo depois as conquistar com “No Limite”, ao lado de Cage One. Parece que facilmente nos identificamos com a letra de qualquer uma das músicas:
“Eu estou louco para roubar um pouco do teu amor, e tu não fazes nada para evitar o roubo, quero ser o teu amor e eu vejo-me,  fazer amor em slow motion […]” 
CEF –  Antes de Acontecer 
Num álbum é normal existir sempre duas ou três faixas que não agradem a todos, é natural que nem todos nós nos identificamos. Mas se mostrarmos este trabalho a alguém que não perceba o estilo musical ou que não conheça o artista, claro que a opinião vai ser contrária, porque tal como dizia Oscar Wilde “a arte é o maior acto de individualismo do mundo”. O único factor inegável é que a voz e a composição de CEF faz-nos sentir vivos.
Depois de lançar o seu primeiro álbum em 2015, dois anos mais tarde, CEF tem mais que cimentada a sua posição no panorama musical. “Dica dos Papoites” foi o último single de promoção do álbum, uma declaração com promessas de amor eterno e casamento:
“Esquece esse teu miúdo que só te chama de mboa, vou te dar uma vida que ninguém mais vai te dar, Vou te fazer madame, Vou te fazer madame […]”
As participações de Ary em “É Só Cuiar” e de Edmázia Mayembe em “Nosso Amor É Pra a Frente” são o selo de qualidade e aprovação perante o sexo feminino. Dji Tafinha, Yannick Afroman, Johnny Ramos, Kletuz e VC emprestam um pouco do seu registo em cada faixa tornado-a única. Homens ou mulheres, sejam colegas de profissão ou não, têm que tirar o chapéu e dar o devido mérito, a alguém capaz de contar as nossas histórias sem nos conhecer.
CEF teve a pontaria e o faro apurado na hora da triagem musical, uma vez que para este projecto gravou 43 músicas, deixando 27 de parte. Esperemos que não seja fã do Future, que lançou dois álbuns em menos de um ano, senão o coração comum não aguenta.
“Você disse que não podemos ser namorados, Tudo menos sermos namorados, Que nesse momento não queres ter namorado, Que solteira estás bem não queres ter namorado […]”
Se a muitos homens faltam por vezes as palavras para se expressarem, ao artista sobram para dar e vender. Para uns, um quebra-corações, fazendo relembrar cada pedaço de dor presente em memórias esquecidas. Como para outros é o pináculo do romantismo, a banda sonora perfeita, o jantar á luz das velas, o pequeno-almoço na cama, o verdadeiro cupido. Engraçado como a arte de alguém pode atingir de formas tão diferentes mas eficaz. A facilidade com que a música perturba o nosso conforto e ao mesmo tempo é capaz de confortar as nossas perturbações.


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